Uma atmosfera ibérica é construída através da viola portuguesa. Fornecendo um sonar delicado, valsante e doce, o instrumento é o elemento que, sozinho, proporciona o despertar da obra por meio de um solo fresco em seu rebolar minimalístico estrutural. Rapidamente, porém, esse despertar embriagante e de caráter hipnótico recebe um beat que passa a desenhar o esqueleto rítmico e proporciona o início do primeiro verso.
De postura estranha perante ao clima amorfinante da canção, o beat vem seco e atordoado em seu caminhar descompassado. Nesse ínterim, uma voz feminina de timbre delicado, fresco e curiosamente gélido entra em cena desenhando o enredo lírico. Nele, o ouvinte é colocado em uma narrativa que, com grande versatilidade, caminha por entre os idiomas inglês e espanhol de forma a criar certo grau de dramaticidade e melancolia na história apresentada.
Surpreendentemente, no momento em que o ouvinte já se vê penetrado na atmosfera entorpecente construída pelo escopo rítmico-lírico-melódico, a obra o leva para um cenário estrutural inovador. Por meio de Chosen Broken, que agora assume o microfone com seu timbre azedo, Señor passa a assumir uma silhueta indiscutivelmente rappeada, a qual lhe confere uma movimentação rítmica completamente diferenciada por meio da interpretação lírica.
A partir desse instante, Señor acaba denunciando sua atmosfera cristã, a qual soa como uma veneração à figura de Deus. Aqui, porém, God’s Daughter denuncia a essência de seu novo single como sendo um produto que, liricamente, coloca a imagem do Criador no centro de um casamento.
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