É bastante curioso e interessante. Afinal, apenas com o som agudo e estridente da distorção ecoando pelo ambiente formando um outro tipo de silêncio, a introdução garante para si um toque confortável em seu viés melancólico. Assim que o violão entra em cena fornecendo uma paisagem embrenhada no acústico, o folk se forma com grande e bem-vinda dose de frescor. Delicada em sua máxima origem, Hold Fast consegue, antes mesmo da entrada do enredo lírico, esparramar impressões de uma simplicidade quase romântica que abraça ternamente o espectador. Quando o espectro verbal finalmente surge em cena, ele evidencia uma voz masculina de voz agridoce e frágil em sua essência brandamente rasgada. Vinda de Shawn Brown, ela faz com que Hold Fast, definitivamente, se configure como uma obra tocante, algo que é alcançado, também, com o auxílio da instrumentação completa que se apresenta em seguida.
Diferente da atmosfera anterior, o que se tem aqui é mais do que simplesmente introspecção. É visceralidade. É dramaticidade. O sombrio e o melancólico em suas formas mais puras. Calcada majoritariamente por uma estética minimalista formada entre voz e violão, mas com direito a uivos agudos da guitarra em efeito lap steel, a canção fornece um ambiente acústico tristonho, mas, ainda assim, intrigante. Açucarada em certa medida, Let Them Love Ya se configura como uma obra lacrimal e rascante por meio do intenso cenário dramatúrgico formado pelo violoncelo, instrumento que evidencia um enredo que apresenta um indivíduo necessitado de amor.
Piano e violão criam uma introdução contagiante, fresca e amaciada. Conseguindo ser doce em sua delicadeza inquestionável, The Sad Ones (Acoustic Version) é uma canção fresca e ligeiramente swingada em sua essência acústica que mostra e destaca que é necessário sentir a tristeza para encontrar o amadurecimento e o autoconhecimento, fatores que permitem um crescimento espiritual grandioso. Com ele, o indivíduo saberá como agir em determinadas situações de risco emocional, mas para conquistá-lo, é preciso coragem e perseverança para sentir a dor e não se perder nela.
The Furious Light é um EP curto, de fato. Mas ele é amplo em suas propostas sensoriais. Da melancolia, passando pelo visceral e pelo drama, mas atingindo, também, requintes aromáticos de frescor, ele é um material que ensina o indivíduo a se permitir ser amado, a entender que a dor é algo que precisa ser sentido e a aproveitar o momento. Um grande feito de Shawn Brown, que encanta, mas também reflete, com sua atmosfera introspectiva, acústica e entristecida.
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