Shawn James: confira entrevista completa com cantor sobre os shows no Brasil, The Last Of Us e tatuagens

O cantor e compositor Shawn James está no Brasil para uma turnê começando em Curitiba, passando pelo Rio de Janeiro e com dois shows esgotados em São Paulo. Para falar sobre sua passagem pelo país, o último álbum lançado e sua música no jogo The Last Of Us 2, o cantor deu uma entrevista para o nossa jornalista Tamira Ferreira que você pode conferir na íntegra abaixo. 

Olá, como você está?  

Shawn: Olá, eu não tenho do que reclamar, estou no Brasil, tive um longo dia, mas está sendo muito bom. 

Eu imagino! Eu te vi nas mídias sociais, você teve muitas entrevistas hoje, você gostou?  

Shawn: Nós chegamos hoje de manhã também (risos). 

Tamira: Você deve estar cansado, ou não?  

Shawn: Eu estou bem. 

E você vai ficar bastante tempo aqui no Brasil, não é?  

Shawn: Sim, nós temos dois shows em São Paulo, um em Curitiba, Rio de Janeiro e então vamos para Buenos Aires. 

Que legal! Você está animado? Você terá grandes shows aqui, dois esgotados em São Paulo.  

Shawn: Claro, sim! Esse no Fabrique (em São Paulo) será o maior show que eu já toquei, então estou bem animado. Da última vez, nós estávamos em São Paulo e foi a energia mais louca que eu presenciei. Eles (os fãs) sabiam todas as letras de todas as músicas, eles são muito apaixonados e energéticos então estamos animados. 

E foi acústico da última vez e agora você vem com uma banda completa? O que você está preparando para esses shows?  

Shawn: Essa é a beleza, acústico é o favorito de alguns, mas quando eu estou com a banda, eu ainda faço o acústico, mas é mais como uma dinâmica, eu faço algumas canções acústicas e depois passo para o rock n’ roll, para mim é mais divertida a energia do show. Para muitos dos músicos é a primeira vez aqui. 

Ah, que legal! E você está preparado para a energia? Eu preciso te dizer que depois da pandemia nós estamos ainda mais loucos e mais apaixonados depois de passar dois anos sem shows, nós estamos sedentos (risos).  

Shawn: Eu entendo, quer dizer, nós estamos do mesmo jeito, nós estamos muito animados em estar aqui. Brasil tem sido muito bom com a gente, imagino como vai ser agora da segunda vez. 

Espero que seja incrível! Eu gostaria de falar sobre o último álbum que você lançou, ‘A Place in the Unknown’, em 2022. Como foi o processo de composição? Eu vi que você você usou diferentes estilos de música. O que faz esse álbum diferente dos álbuns anteriores? E como você se sente sobre esse?  

Shawn: Eu realmente queria um álbum de rock n’ roll, um pouco mais rápido e ter mais energia por trás. Então durante a pandemia, eu pensei que iria escrever um monte de músicas e fazer várias coisas e eu percebi que não estava sentindo porque eu preciso viver as experiências para falar a respeito, então eu comecei a tocar bateria, eu não tocava antes e comecei a me divertir com isso e eu decidi começar a criar dali. Normalmente eu componho com o violão e voz, fazendo algo bem simples, mas dessa vez eu escolhi todo o ritmo antes, o groove e a batida da bateria primeiro e depois escrevi para isso. Então foi uma dinâmica diferente de composição para mim, eu acho que deu mais a alta energia no geral. Estamos muito animados de tocar esse novo álbum porque queremos misturar um pouco as coisas. 

O que eu ando vendo muito hoje em dia são os artistas mais conectados a composição e escrever suas letras. Eu sei que você compõe, mas é importante para você fazer parte de todo o processo e quando você escreve, você gosta de contar histórias sobre você ou às vezes você vê algo e você cria a história, como é esse processo de letra para você? 

Shawn: Muitas vezes no passado era sobre algo que eu estava vivendo, alguma experiência pessoal e até em algumas canções desse álbum, mas para mim tem um jeito de escrever, às vezes eu estou passando por algo e é como terapia e em outras vezes eu crio um personagem na minha cabeça e imagino de onde eles são e o que está passando e escrevo a música da perspectiva deles. Para mim é tudo. Eu não escrevo quando estou na estrada, em turnê, porque é sempre muito agitado, muitas coisas acontecendo, muito caos na estrada, mas o que é faço é, às vezes, vem uma frase, uma ideia ou uma melodia, algo que eu acabo anotando a respeito, aí quando eu estou em casa eu acabo usando para escrever. Esse álbum acabou sendo um pouco diferente, eu acabei fazendo assim, tinha muita coisa acontecendo durante a pandemia que eu acabei falando a respeito e eu queria expandir nesse novo álbum. 

Eu preciso falar sobre isso, eu sou muito geek, eu amo videogames e eu fiquei muito animada de ouvir sobre a música em The Last Of Us 2. Como começou tudo isso, você foi convidado para criar a música, como foi esse processo? 

Shawn: Sim, eu escrevi ‘Through the Valley’ anos atrás, em 2012, e eu não sabia sobre o jogo na época, eu escrevi a canção, a amava e tudo mais, mas eu acabei parando de tocar nos shows porque não era uma música muito animada, era meio depressivo. Então eu recebi um e-mail em 2014 falando que eram da Sony e estavam interessados em usar a música, mas não iriam me contar o jogo, não diriam como iriam usar a canção ou qual companhia era, quem iria cantar, se eu era, então no começo eu não tinha certeza. 

Que estranho!  

Shawn: Sim, eu não sabia como iriam representar a música, então eu ia dizer não, mas um amigo falou comigo e disse: “Você é um artista pequeno e pode ser um grande passo para sua carreira, você deveria se arriscar e tentar”. Foi o que eu fiz, mas da forma que eles me acharam foi que estavam procurando uma canção do Johnny Cash e não deu certo, então eles estavam no youtube procurando um cover e eu tinha tocado uma música do Johnny em um show e alguém colocou na internet e eles acharam o vídeo, a partir disso, eles ouviram meu álbum que tinha a música e foi o que aconteceu. Foi meio natural e incrível. 

E foi muita sorte porque o videogame é um sucesso, principalmente por causa da série. 

Shawn: Eu me senti muito sortudo. 

Sim, fiquei muito feliz por você. O que eu ando vendo também hoje em dia é que vários artistas andam fazendo documentários mostrando sua vida pessoal e artística. Você se interessaria em fazer algo assim, como você se sente sobre isso?  

Shawn: Já entraram em contato comigo sobre com interesse em fazer, mas eu sinto que agora não é o momento, mas eu toparia fazer em algum momento, mas eu acho que tenho muito mais para fazer e eu quero focar na criação, na turnê e, mais tarde, quando estiver mais velho, eu teria interesse em fazer. 

Talvez um livro biográfico?  

Shawn: (risos) Sim. 

O que eu acho muito legal em você é essa mistura de estilos nas suas composições e você não segue apenas um gênero. Como é isso para você? Vêm das suas influências musicais, é algo que você sempre quis fazer ou vem naturalmente?  

Shawn: Eu sinto que eu escuto muitas músicas diferentes, eu escuto tudo, dos clássicos, ópera a blues, soul, jazz, metal e tudo nesse meio. Eu me canso de fazer sempre a mesma coisa o tempo todo e acaba me inspirando naturalmente, sabe? Eu gosto de colocar a minha personalidade nelas, não é nada complexo, eu não fico obcecado, eu apenas deixo acontecer quando me sinto inspirado. 

E o que você anda ouvindo ultimamente? Ou você prefere ouvir os clássicos?  

Shawn: Não, eu ouço vários artistas novos, muita música soul, ultimamente muito R&B. Eu teria que abrir meu Spotify para ver os artistas. Mas ultimamente estou bem focado em artistas de R&B e Soul, nessa vibe. Também Arlo Parks. 

Algum artista brasileiro?  

Shawn: Eu não conheço muitos artistas brasileiros. 

Você está perdendo (risos).  

Shawn: Eu sei, eu preciso expandir meu gosto para mais países, sabe? Mas eu conheço artistas mais antigos que as pessoas me mostram, mas nada novo. 

Você precisa ouvir os novos, você gosta de R&B, você vai gostar de Iza, ela é incrível. Ela é uma ótima artista e tem uma linda voz. Mas você deveria ouvir os novos, nós estamos meio cansados de Bossa Nova, todos falam de Bossa Nova, mas nós temos novos artistas.  

Shawn: (risos) 

Tem mais uma coisa que eu queria falar com você, sobre as suas tatuagens, você tem um monte. Você fez como estética ou eles têm algum significado para você?  

Shawn: Eu acho que tudo que aparece vai ser de alguma forma estética, eu fico pensando se vai ficar lega, mas todas elas têm significados, é algo que eu preciso me conectar de alguma forma com a ideia. Mas eu gosto delas. Eu as vejo como um mapa que mostra onde eu estive, o que estava fazendo, é como história. 

Eu preciso terminar a entrevista, mas obrigada por seu tempo, você é muito carismático. Parabéns pelos shows, o álbum e até uma próxima.  

Shawn: Muito obrigado! Tchau! 

Gostaríamos de agradecer a assessoria da For Music, Simone Catto e ao Nando Machado pela entrevista. 

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