Uma voz ácida surge ao longe sob um tratamento que soa como se estivesse sendo ouvida através de uma estação AM vinda de um rádio antigo. Rapidamente, porém, a atmosfera é embebida em uma guitarra de riff ligeiramente ácido que, encorpado, caminha pelo cenário a partir de uma postura curiosamente borbulhante. Ao seu lado, está uma bateria que, sem deixar se quer um tímido rastro de dúvida, comunica a imersão rítmica no campo da música folk, aqui com especial menção ao roots rock. Assim que uma voz masculina de timbre ligeiramente grave entra em cena desenhando o escopo lírico, a canção acaba assumindo contornos contagiantemente swingados. De esfera irresistível e divertidamente saliente, a obra, nesse instante, passa a ter a sua base melódica dominada por um baixo de groove grave e encorpado em seu sonar seco. É ele que, inclusive, passa a ser o responsável pela inserção de consistência na conjuntura sonora. Crazy Shaky Dizzy World é uma canção atmosfericamente sertaneja que tem, ainda, a graça de trazer o tilintar do triângulo como um item a pincelar notas de um charme peculiar ao seu ritmo.
A bateria é quem puxa, solitária, a introdução. Nesse súbito momento de protagonismo absoluto, ela desfila uma levada amaciada e imbuída em extrema simplicidade por meio de sua cadência lenta. Assim que o violão e a guitarra entram, juntos, para começar a compor a esfera melódica, a canção passa a oferecer requintes de um bem-vindo frescor que contamina o ambiente. No momento em que o baixo é ouvido em suas notas graves e encorpadas, o primeiro verso enfim tem seu início e a camada lírica passa a ser preenchida. De interpretação mais introspectiva, o cantor faz com que a presente atmosfera seja agraciada por adoráveis doses de delicadeza, a qual, ao ser notada, da vasão para que a harmonia se apresente por meio dos uivos agudos e aveludados da guitarra lap steel. Sob essa estrutura, Number One In The (Fools) Charts se matura como uma obra simples e que extravasa a humildade através de sua energia majoritariamente acústica.
Uma nova e saliente sonoridade se instaura na presente introdução. Apresentando uma equilibrada sintonia entre guitarra e violino, ela, além de oferecer um cardápio de sabores doces e levemente salgados, ambienta o ouvinte no mais puro cenário campestre. Proporcionando ao ouvinte a fluidez para um primeiro verso contagiante em sua tomada acústica dominada pelo sonar seco e trotante do violão, o presente momento acaba proporcionando uma cenografia praiana, mais especificamente, havaiana, por meio da movimentação aveludada da guitarra lap steel. É no refrão que Out Of Tune, de forma definitiva, retrocede o ouvinte no limiar das décadas de 50 e 60 através do auxílio de backing vocals femininos que proporcionam uma atmosfera deliciosamente retro.
Something Strange é um álbum que, acima de tudo, chama a atenção pela sua estética folk aconchegantemente morna e irresistivelmente swingada. Bucólico no máximo de sua essência, o trabalho se apoia no auxílio de instrumentos tradicionais do gênero para conseguir criar uma atmosfera sertaneja intensa. Ainda assim, é interessante ver que, entre enredos líricos divertidos e contagiantes, o álbum, á a partir de suas três primeiras canções, também possa conceber atmosferas curiosamente praianas.
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