É como se o ouvinte se sentisse em plena praia tropical agraciado pelo calor morno do Sol em um amanhecer de verão. Confortável, macia e com uma leveza tão profunda que chega a ser palpável, a canção é possuinte de uma melodia unilateral e graciosa desenhada pelo violão. Capaz de fazer com que o senso de descompromisso e despreocupação pairem pelo ambiente, o instrumento funciona, durante a introdução, como uma espécie de mantra em prol do bem-estar.
Assim que o compasso rítmico começa a ser desenhado por uma bateria de postura aveludada a ponto de promover uma cadência swingada, o primeiro verso começa a ganhar vida. Eis então que a obra ganha uma dose extra de charme. Uma beleza excêntrica e peculiar graças ao tom agridoce de Soul Lion, que entra em cena desfilando um lirismo baseado na língua francesa.
Se tornando marcante por fluir para uma ambiência rappeada, a canção é agraciada por uma cadência lírica sincopada e bastante serena. Sem qualquer menção de rigidez, portanto, Soul Lion, com a participação de Sanga TOTO, se fortalece perante a fusão equilibrada, homogênea e harmônica entre o reggae e o rap. Tal união, é preciso salientar, é possível graças à leveza, qualidade que, aqui, funciona como o elo entre o mundo tropical e o urbano marginal.
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