Um sonar de caráter sintético, digital e pulsante recebe o ouvinte por meio de uma natureza curiosamente azeda. Combinando o toque excêntrico do chocalho com um beat de caráter cuidadosamente opaco, a composição, rapidamente, consegue oferecer um bom senso de fluidez ao ouvinte. Interessante perceber que, conforme se desenvolve, a canção vai sendo agraciada por uma energia transcendental capaz de disseminar uma energia curiosamente calmante que chega a entorpecer o ouvinte com notável delicadeza. Com direito a um groove marcante e versos líricos entoados por uma voz feminina açucarada e repleta de melismas, a faixa-título acaba mesclando uma cenografia dançante vivaz com flertes com a música soul.
O compasso percussivo surge por meio de uma cadência vagarosa, mas precisa em seu caráter pulsante. De forma a soar, inclusive, ecoante, a canção vai convidando o ouvinte a experienciar a sensorialidade do transcendental por meio de uma estrutura sonora intrigantemente mantrica. Exalando até mesmo uma delicadeza onírica, a versão de Eyal Rabia para Soul Logic confere um viés muito mais espiritual e introspectivo que aquela observada na forma original.
Diferente do que foi observado na adaptação anterior, o que acontece nesse presente arranjo inédito é a consolidação de uma estrutura mais sensual e dançante. Marcada pela influência rítmica do reggaeton agindo sobre a essência percussiva, essa nova roupagem ainda dá ao ouvinte a capacidade de perceber nuances do dub em meio à sua sonoridade. Assinada por Peter Soul, essa formação sonora oferece ao ouvinte mais sensualidade e uma atmosfera ainda mais voltada à dança e ao contato corpo a corpo.
Soul Logic é um EP que não apenas destrincha toda a versatilidade e a musicalidade capaz de ser extraída de uma única canção. Na companhia de um contingente considerável de DJs, Fleanger permitiu que sua faixa fosse adaptada a diversas vertentes, as quais vão do tradicional house a sensualidade latino-percussiva do reggaeton. Constatação fica evidente, principalmente, no decorrer das três primeiras obras do extended play.
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