O violão surge doce e solitário no desenho da atmosfera introdutória. Ainda que isso de fato aconteça, porém, sua delicadeza e seu dulçor dão ao amanhecer um caráter frágil e atraente. Fresca em sua essência, a melodia, por mais que seja minimalista, ela é capaz de oferecer, ao ouvinte, agradáveis sensos de aconchego e despreocupação.
É interessante notar, porém, que nas entrelinhas de cada nota proferida pelo instrumento, existem traços de uma melancolia antes aparentemente tentada a ser ofuscada. Nesse ínterim, o ouvinte acaba sendo agraciado, inclusive, por um chiado que passa a se tornar um elemento-chave na percepção da obra como um produto de essência crua, por mais que transpire maciez e gentileza.
Exalando desejos reprimidos e vontades não realizadas, a canção tem, no baixo, elemento que acaba se movimentando livremente na base melódica fornecendo um corpo grave, um fator que, ao menos, tenta instigar um senso de lucidez no espectador. Essencialmente instrumental, Sounds Like Jack, muito mais do que ser um testamento à evolução musical de Anthony Messini, representa o impacto que o confinamento obrigatório para conter a disseminação da Covid-19 durante o período pandêmico teve em seu processo criativo. Uma música de sonoridade branda, mas de significâncias profundas que vale a atenção.
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