Parece ser um som ambiente, vindo literalmente de fora. Porém, aos poucos, esse zumbido vai tomando forma do piado de um pássaro conforme aumenta seu volume e sua presença. Capaz de causar sensos de tranquilidade em meio a um ambiente bucólico relaxante, esse som serve como abre-alas para uma melodia que começa a nascer sob uma silhueta ácida promovida pelo sonar do hammond. Com uma contribuição percussiva acústica e longínqua oferecida pela bateria de Todd Headly, o clima de introspecção se fortalece. Porém, assim que a guitarra entra com seu riff bluesado e aveludado na companhia de suspiros frescos vindos do violão, o torpor causa o máximo de bem-estar no ouvinte. Delicada e aromática, a canção consegue, através de tal conjuntura sonora, já oferecer uma melodia capaz de extravasar sua base estrutural southern rock. De adoráveis inserções folks, Gone é uma canção regida por um vocalista de timbre adequadamente fanhoso para o estilo musical ao qual defende. A partir de sua interpretação, a obra ainda transpira harmonias tocantes em sua simplicidade estrutural.
Enquanto a guitarra uiva em seus indícios blues melismáticos, o teclado de Jesse Fountain se insere na base melódica promovendo dulçores aromaticamente contagiantes. A partir de uma delicada frase quebrada proporcionada pela bateria, a introdução tem seu fim declarado, enquanto o primeiro verso começa a ter início através de uma melodia que comunica agradáveis pitadas de soul. Assim que o vocalista entra em cena, o swing do soul toma conta do cenário, o tornando um importante elemento dentro da receita melódica. A partir daí, é possível notar familiaridades entre as estéticas experienciadas pelo Heart Of Pine e as degustadas pelo The Black Crowes. Sonoramente conterrâneos, as bandas bebem da mesma fusão melódica, mas em Hello Heartache, graças à interpretação vocal assumida pelo vocalista, é possível notar, também, influências de nomes como Lynyrd Skynyrd em sua construção harmônico-lírica.
Doce e delicada, a introdução do novo cenário é proferida por um suave dedilhar do piano. Inicialmente de uma ligeira dramaturgia, a melodia desenhada pelo instrumento dá vasão para que guitarra e bateria entrem em cena e, juntos, acabem transformando a energia melódica. Tornando a sonoridade mais swingada, a melodia agora desenhada é capaz de desfilar notas que vão do senso de nostalgia a uma curiosa sensação tocante de conforto. Ganhando cadência através de uma levada acústica, Movin’ On, conforme vai atingindo seu pré-refrão, cresce notavelmente em harmonia a partir da entrada do hammond, o qual entrega um dulçor ácido ao cardápio sensorial.
Agradável, melodioso, harmônico. Tocante. É interessante perceber como uma banda consegue construir melodias a ponto de estas ressoarem no ouvido do espectador e serem captadas de forma a comovê-los. Isso é o que Heart Of Pine fez com Southern Soul Revival.
Promovendo a união de gêneros musicais como blues, folk, southern rock e também o soul, o álbum foi construído sobre sonoridades aveludadas, aromáticas, florais e de texturas aveludadamente delicadas. De tão bem construído, essas constatações já podem ser obtidas, inclusive, através das três primeiras canções. Apenas por elas, o ouvinte logo tem a percepção de que Southern Soul Revival é um álbum de estruturas e texturas marcantes.
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