O que salta aos ouvidos é um despertar regido por sonares que instigam o senso de torpor, de introspecção, de um monólogo do inconsciente. Sem prévio aviso, porém, um sonar que vem semelhante a tiroteios tira o ouvinte de seu estado inicial de transe e o coloca, novamente, no domínio do senso de lucidez.
Eis então que, entre inserções sonoras eletrônicas e, portanto, digitalizadas, uma voz aguda surge preenchendo a camada lírica. Eis Genevieve Sovereign entrando em cena com uma interpretação verbal sussurrante e despropositadamente sensual. Enquanto ela vai amadurecendo enredo com um tom narrativo curioso, a sonoridade se torna capaz de quebrar a noção do realismo unidimensional, levando o ouvinte, ainda consciente, em um mundo onde a lucidez não consegue penetrar.
Sob essa estrutura sensitivo-melódica, Square Root -1, por meio da forma como Genevieve fornece o enredo lírico, soa como um processo meditativo em que o espectador mergulha no âmbito metafísico do tempo e do espaço. É a mistura de ideias da pequenez do ser humano em meio ao gigantismo do espaço e daquela em que enxerga o indivíduo como parte do vazio.
Promovendo, assim, um rápido rompimento existencial por meio de dimensões alternativas e um lirismo metafísico, Square Root -1 é onde, também, Genevieve parece exortar seus próprios sensos. E o que é mais intenso é seu sentimento de manipulação perante as verdades acobertadas em relação aos descobrimentos dos ambientes espaciais.
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