O violão já faz a canção nascer com uma sensualidade atraentemente latina. Entre falsetes e embrionários melismas, Vanda logo entra em cena com seu vocal de timbre agudo desenhando as primeiras silhuetas líricas. Ganhando ritmo a partir da entrada der beats sincopados, a faixa passa a se deleitar por uma base sonora calcada no pop.
Porém, quando atinge o refrão, Stranger evidencia silhuetas flertantes com a atmosfera do trap por conta dos chimbais sequenciais e sincopados, ainda que a atmosfera, no geral, transpire uma energia densamente dramática e, de certa forma, até mesmo entorpecente. Isso acaba tornando a faixa enigmática em sua essência curiosamente sofredora.
É justamente durante a ponte que Vanda destaca tal evidência. Afinal, por entre seus versos ligeiramente viscerais, ela exorta certo grau de descontentamento e sua insatisfação de ser motivo frequente de risada e chacota. É por isso que ela se considera, na canção, uma estranha e tenta se afastar de todos aqueles que a fazem se sentir menosprezada e denegrida.
Ainda assim, melodicamente Stranger é uma canção que explora desde texturas macias, dramáticas e estridentes em uma miscelânea de torpor, embriaguez e toques ligeiramente urbanos. Calcada, principalmente, na sonoridade pop, a canção é abraçada por harmonias gélidas capazes de representar essa espécie de sofrimento amorfinado vivido pela protagonista.
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