Há algumas produções tão poderosas que criam sua própria atmosfera capaz de influenciar outras obras. “Mojave” é daqueles álbuns que contém uma construção sonora tão impressionante que atravessam o ouvinte. Não sabemos se o novo trabalho de Stuart Pearson tem um filme ou uma série sobre sua influência, mas bem que poderia. São dez músicas tão bem construídas que contam uma história, refletindo nuances americanas.
O bardo dá a tonalidade que vai permear o disco em “Like A House With Broken Windows”. Mesmo quem nunca tenha estado em um deserto, é capaz de sentir o calor e enxergar a fumaça saindo da rodovia, os corpos curvados e cansados, se protegendo dos raios solares. A narrativa da casa com a janela quebrada é forte e, ainda que você não compreenda a língua inglesa, parar e prestar atenção na história é a única coisa a ser feita. Isso mostra quão poderoso é o trabalho de Stuart, que faz uma analogia da casa com o homem.
O vocal grave sussurrado “Down the Ravine” se contrapõe com as batidas enérgicas e rápidas. Coloque um fone de ouvido para conseguir absorver toda a complexidade de som. Há metais e um alarme parecido com telefone antigo soando ao fundo. “Dragging The Lake (on the Day of the Dead)” mantém o sussurrado que aqui transpassa a ideia de mistério que envolve o próprio deserto, ainda que sob um ritmo jazz cabaret burlesco e contagiante ao extremo.
Seguindo uma linha mais próxima do clássico americana, “Are They Digging Your Grave (or are they digging mine?)” chega com cheiro de faroeste contemporâneo. O bardo norte-americano contando histórias com analogias em uma sonoridade cativante, volta a narrar com a profundidade de quem fala das covas, ainda que reflita sobre a vida. “Tomorrow’s Gonna Hunt You Down” é quase um bangue bangue psicológico, com a tensão constante de se manter a arma por perto, ainda que de forma discreta. Transpassa o estar preparado para o pior, que pode acontecer a cada instante.
“One Cut” quebra a estética que permeia o álbum de uma forma muito complementar. Cantada por Hunter Lowry, que também assina a composição, a faixa traz um contraponto extremamente feminino, não só pela voz suave e gentil da cantora, mas por representar a força de aceitar a fragilidade da vida. É uma balada romântica, no melhor estilo da palavra, um relacionamento assombrado pela imperfeição humana da vida.
O excelente álbum conta ainda com “You Don’t See Me (Jimmy Crack Corn)”, “The Interstate”, “You Never Really Know”, “Dance Skeletons Dance”. Stuart Pearson é o bardo contemporâneo retratando em seu Dark Americana, histórias reais que dançam no fogo com lendas.
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