Sueco Tobias Arbo lança Yellow Woods, seu novo álbum. Confira!

Os sonares são desconexos entre si, mas, curiosamente, nesse instante eles são capazes de criar certo grau de simetria nesse ambiente inusitadamente improvisado. De orgânico, o trombone dá sua contribuição bojudo e opaca, mas o que salta aos ouvidos é o senso transcendental, delicado e espirituoso que transcende a experimentação sensitiva de Intro.

O violino é o responsável por puxar a introdução. Em seu súbito momento de solidão, em que assume um protagonismo absoluto, ele é capaz de inserir na sonoridade inicial requintes de um drama cheio de tensão. Felizmente, assim que uma voz de timbre doce, mas com toques graves, invade o cenário, a brandura e o frescor assumem as rédeas sensitivas. Eis Tobias Argo pincelando delicadeza também no escopo lírico por meio de sua interpretação serena, quase sussurrante. De ambiência densamente entorpecente, Pyre é onde o ouvinte é apresentado a um personagem na ânsia de alcançar a superação do término de um relacionamento, enquanto revive certas memórias que o fazem regredir em seu amadurecimento emocional.

O Sol está nascendo no horizonte. Seus raios de luz, ainda fracos, vão iluminando com a máxima delicadeza o gramado ainda úmido do sereno. Nesse processo, o veio de água que corre próximo a uma casa simples passa a refletir o céu em sua plenitude crepuscular e o silêncio espetral passa a dar lugar ao canto dos pássaros que, gradativamente, vão despertando. É então que as flores de outono começam a disseminar seus aromas perfumando o cenário e deixando o amanhecer completo em sua amplitude de possibilidades sensoriais. Esse é o cenário imagético que Recover, através de sua sutileza melódica, oferece ao ouvinte. Serena, doce e capaz de fornecer sensos de esperança e gratidão, a canção se apoia em uma linearidade estética para dialogar sobre um personagem imerso em depressão, mas que, conscientemente, tenta se libertar dessa melancolia.

Enquanto um sonar agudo se faz audível, o chiado é o elemento que puxa o ouvinte para a sua capacidade de pensamento. Inserindo, portanto, o lo-fi em sua receita melódica ainda em processo de construção, a canção oferece, aqui, uma paisagem mais aveludada e até mesmo, se é possível dizer, alegre. Na companhia do piano em suas notas brandas, o vocalista entra em sintonia com esse grau de suavidade ao fazer de Sirens uma obra esotérica que vem repleta de uma nostalgia capaz de ser tocante em sua mescla de melancolia. Eis aqui mais uma canção que soa como a representação das dores de um coração partido.

Yellow Woods é um álbum, definitivamente, minimalista. Se apoiando, portanto, em poucos elementos, ele é capaz de criar ambientes repletos de brandura que extasiam o ouvinte em sua espécie de hipnose sentimental. Tendo como destaques os sensos de nostalgia e melancolia, o produto revive momentos definitivos na ânsia de alcançar a necessária superação. 

Visíveis em suas primeiras quatro faixas, essas percepções tornam o produto contagiante e sensorial ao ponto de apresentar grande simetria estética para com os trabalhos do Novo Amor. Eis aqui a prova de que, com pouco, é possível construir ambientes grandes em seu leque de sugestões de texturas e emoções.

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