É como o alvorecer do dia banhando a tundra com os primeiros raiares do Sol. Ainda com um frescor de aspecto místico, a atmosfera vai sendo tomada, gradativamente, por um senso de curiosa esperança que passa a pairar, sem destino, pelo ar. Através de uma delicadeza que, rapidamente, é adornada por um aspecto de marcha fúnebre pungente por meio da sincronia exercida pela movimentação da bateria em união com a gaita de fole, The Hidden Track assume, para si, uma essência folk céltica com toques irlandeses marcantes. Com esse arranjo, além de hipnótica, a obra se configura como um produto instrumental de sensorialidade dramática.
Mais animada e, pode se dizer, até mesmo estruturalmente mais complexa, Tomorrow, Pt. 1 vem preenchida por um movimento rítmico mais amaciado que permite uma maior liberdade de exploração de texturas ao restante do instrumental. Com direito à presença de outros elementos percussivos, como o bongô, a canção adquire para si certo grau de sensualidade, ao passo que o dulçor levemente aveludado do piano com a agudez equilibrada da guitarra, a obra faz com que o ouvinte consiga identificar, em suas nuances sonoras, uma influência atraente da paisagem musical do jazz.
Um produto instrumental que permite uma profunda e agradável viagem sensorial através de sonoridades múltiplas, o que lhe faz ser difícil de ser uniformemente categorizado. The Drovers Unlimited Orchestra, Vol. 3 é marcado por paisagens instrumentais que combinam sensualidade, maciez, drama e misticismo com notável versatilidade.
É verdade que suas duas primeiras obras encapsulam de maneira mais clara o que foi anteriormente salientado, mas elas ainda não são o suficiente na representação total do legado artístico de Mike Kirkpatrick. A delicadamente onírica Teardrop Falls, a de dedstaque percussivo Moon Fever e a folk-irlandesa 131 W 19 auxiliam na exaltação de sua vasta musicalidade.
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