As pupilas se dilatam. Os pelos do corpo se eriçam e uma tímida lágrima de uma emoção enigmática escorre delicadamente pelo seio da face. Pode até ser pela delicadeza que a guitarra explora durante suas movimentações introdutórias. Pode ser pelo frescor que existe na melodia. Pode ser pelo seu tom nostálgico e leve. A verdade, porém, é que o tom de voz de Markus Stone motivou tal emoção. Afinado, sereno e aveludado, ele possui uma mesma característica tonal em relação àquele obtido pelo saudoso Chester Bennington, o que causa, no espectador, um súbito de saudade curiosamente carinhoso. Fora tal assimilação, Lies Of Darkness chama a atenção por sua sonoridade macia, perfumada, bem equalizada e contagiante. Trazendo uma boa sintonia entre baixo e guitarra durante os versos de ar, o que lhe confere uma consistente base melódica, a canção vem reforçada por uma bateria de levada macia, mas, curiosamente, também crua em sua estrutura.
Aqui, a melodia já começa em uma tomada crescente em energia e cadência. Enquanto Stone já vai inserindo as linhas líricas por meio de um vocal agora soando levemente metálico, a caixa da bateria é ouvida ao fundo sendo golpeada leve e constantemente por um par de baquetas insaciável. Rapidamente, Eternal Lies explode em uma sonoridade que mistura agradáveis influências do metalcore e do emocore, criando uma atmosfera melódica e atraente. Cheio de versos chiclete, o refrão é facilmente assimilado pelo ouvinte de forma a ressoar em seu inconsciente por longos períodos. Na entrada de sua segunda metade, o instrumento que adquire certo grau de brilhantismo é o baixo, que é ouvido nitidamente em seu proposital protagonismo, ao lado da bateria, por meio de uma linearidade consistentemente encorpada que traz, consigo, toda a base da cadência rítmica da canção.
Com uma serenidade que chega a ser quase entorpecente, o novo cenário se inicia brando, mas não menos contagiante em relação aos capítulos anteriores. Explodindo em um refrão amaciadamente floral sob uma base mais pop, Flutter Flies divulga sua essência chiclete, contagiante e radiofônica com muita maestria e, principalmente, sem ser demasiadamente apelativa. Novamente, assim como em Eternal Lies, a presente canção traz frases em que o baixo assume um protagonismo abundante durante sua consistente linearidade que, aqui, soa encorpada e, ainda, também carrega um pouco da responsabilidade em relação à harmonia geral.
É verdade que The First Lies é um álbum que possui um total de 11 faixas. Porém, a forma como o Mechanical Lies construiu os três primeiros títulos faz com que o ouvinte consiga desvendar e consumir toda a essência e qualidade do material. Melódico, bem equalizado, bem mixado e trazendo sonoridades marcantes tanto do ponto de vista comercial quanto o crítico, o álbum apresenta ao mercado um grupo de ritmo consciente e consistente que sabe trabalhar com a demanda radiofônica sem ser apelativo na ânsia de atingir a atenção das massas.
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