Existe uma delicadeza transcendente e aveludada transpirando do dulçor ácido do teclado. O perfume que dele sai, inclusive, é de um caráter hipnótico marcante, desenhando uma paisagem etérea penetrante e, até mesmo, surreal. Definitivamente, a calmaria está sob os holofotes e, conforme se desenvolve, a canção deixa essa constatação em uma evidência completamente inquestionável. Afinal, com a presença do piano encontrando seu espaço em meio ao protagonismo do teclado, The Orb In The Ether, com sua paisagem eletrônica, passa a experienciar, inclusive, ousados requintes de uma melancolia introspectiva.
Surpreendentemente, as coisas mudam subitamente quando a presente canção avista o nascer do Sol além das colinas ao longe. Com sua cenografia apaziguante pós-apocalipse, ela traz uma espécie de calmaria léxica. Algo que coloca o espectador em um estado de êxtase tão profundo que o retomar de consciência se torna demasiadamente dificultoso. O curioso é observar que, ainda que ela forneça requintes de um bem-estar marcante, a faixa é, também, capaz de manter o estado melancólico da canção anterior. Ainda assim, The Ether In The Orb se torna tocante a cada evolução de sua harmonia unilateralmente minimalista. Doce e serena, ela soa como um sonho de realidade puramente utópica. Uma utopia tão bela que, ao voltar à consciência, a saudade de algo fantasioso é iminente.
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