A bateria é o elemento que funciona como abre-alas da composição. Sob uma levada precisa, mas de evidente energia, ela traz consigo a percepção de que a atmosfera sofrerá, em alguns instantes, uma transformação estrutural. No entanto, após seu momento de brilhantismo incontestável, o instrumento leva o ouvinte para um segundo momento introdutório em que a guitarra, com seu riff ligeiramente azedo, confere ao ambiente um senso de acidez que amplifica o sabor cru conjuntural.
Conforme vai se desenvolvendo, no entanto, a canção vai assumindo ares impositivos e imponentes que transferem, ao ouvinte, um senso de imediatismo inquietante. Sob uma estrutura rítmica linear, a música propõe um primeiro verso de atmosfera curiosamente introspectiva que reflete um desassossego incômodo transferido pela forma como Richie Harrison, com seu timbre levemente grave, interpreta os primeiros versos líricos.
Assumindo uma estética rítmico-melódica calcada na paisagem do punk, The Rope consegue trazer uma afinidade paisagística para com a arquitetura criada por Iggy Pop em suas respectivas canções. Sob essa silhueta, é possível perceber a angústia e até mesmo traços de nojo vindos de Harrison através da percepção de uma realidade política em que todos os candidatos mentem com a intenção de ludibriar os eleitores por meio de suas respectivas carências e necessidades. Em meio às eleições presidenciais estadunidenses, o presente single representa, nesse contexto, a incapacidade do cidadão em escolher um lado ao qual se apoiar e acreditar.
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