O beat oferece uma sonoridade acústica, crua, precisa e consistente que, sem demora, já traz uma silhueta rítmica capaz de misturar rigidez e fluidez em uma interessante e ousada levada. Depois de ser acompanhada por uma linha vocal dividida em duas camadas em que uma voz grave divide espaço com outra mais aguda, a canção convida o ouvinte a caminhar por um terreno mais doce e entorpecente capaz de trazer uma atmosfera filadelfiana ao rap oferecido.
Combinando swing, mas também groove, a canção é capaz de, no meio de um contexto musical hip hop, misturar o funk e o psicodélico de forma a surtir na construção de uma roupagem completamente audaciosa e autêntica. Aqui, portanto, não existe um protagonismo absoluto. Tanto o teclado quanto a guitarra, o baixo e a bateria detém igual importância e necessidade na criação do contexto rítmico-melódico.
A partir de tal igualdade, a canção leva o ouvinte para um primeiro verso atraente e contagiante que tira o espectador de sua zona de conforto e o convida, inclusive, a mexer o corpo. Não que a obra seja, em sua essência, um produto dançante, mas ela instiga, sim, um leve remelexo em virtude de seu swing estrutural.
Sedutora, afinal, The Tales Of Flanco Blanco é agraciada por sonoridades sintéticas de instrumentos de sopro como trompete e trombone que dão, ao cenário, ainda mais vivacidade. A partir daí, a canção é capaz de mostrar toda a ousadia e o caráter íntimo de seu enredo lírico trazido por uma voz masculina de timbre intermediário vinda de Milo Z.
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