Ubalafon | Gil Felix lança álbum resultado da fusão entre África e Brasil

O swing, o frescor, a alegria e o tropicalismo se encontram juntos nessa introdução irresistivelmente contagiante através da estrutura do samba. Enquanto o baixo rebola e desliza pela base melódica com seu groove encorpado, os instrumentos de sopro criam uma atmosfera solar e a bateria dá embasamento para o senso atraente da dança e do requebrado. Assim que o primeiro verso se anuncia, o teclado acaba entregando um veludo agradavelmente ácido à sonoridade, ao passo que o timbre suave de Gil Felix entrega uma tranquilidade quase transcendental ao ambiente. Com essa receita, a faixa-título apresenta um lirismo espirituoso, pois, aqui, Felix prega não apenas o contato e a educação para com a natureza e a igualdade entre os povos, mas ressalta a necessidade do amor ante a guerra. Acima de tudo, aqui, o cantor ressalta a realidade de que todos somos humanos e que, por isso, estamos suscetíveis a influências externas que podem alterar desde a índole a comportamentos pontuais. É por isso que o cantor deseja disseminar seu desejo de prevalecer, como já foi dito, o amor como símbolo de respeito, igualdade e companheirismo.

O timbre afinado e agudo de Felix é o elemento responsável por trazer a introdução do novo capítulo à vida. Com delicadeza, ele é logo acompanhado por backing vocals femininos que amplificam, mesmo que pontualmente, a atmosfera harmônica da canção ainda em construção. Assim que o primeiro verso entra em cena, a canção acaba ganhando diversos elementos sonoros que preenchem sua camada melódica. Do teclado que entrega um veludo hipnotizante ao tilintar opaco do pandeiro desenhando a cadência rítmica, a atmosfera é tomada por uma energia branda que acompanha um lirismo gracioso repleto de palavras angolanas. Depois Que O Ilê Passar é onde Felix explora um romantismo charmoso e educado, sem qualquer menção de libido carnal. Apenas o puro sentimentalismo. Regravada por artistas renomados da cena brasileira, como Rosa Emília Dias, Leci Brandão, Aline Muniz, Carla Cristina, Caetano Veloso e Margareth Menezes, para citar alguns, Depois Que O Ilê Passar, composição de autoria de Ilê Aiê, o primeiro bloco de cultura afro do Brasil, a canção passou de uma marcha carnavalesca marcante de 1984 para algo mais intimista e percussivamente delicado na versão de Veloso. Já em comparação com a versão de Gil Felix, a composição ganhou mais charme, mais corpo, mais sensualidade e, inclusive, mais harmonia. Ainda, a sensibilidade de Felix fez com que a obra obtivesse mais dulçor e contato com a cultura afro através dos backing vocals femininos, que engrandeceram as camadas lírico-harmônicas.

Os sonares percussivos que preenchem a introdução já trazem consigo um toque atraente e irresistível de swing através de sua imersão no campo do afrobeat. Por mais que exista uma base sonora aveludada fornecida pelo teclado, os instrumentos de sopro fazem com que a atmosfera se torne solar, alegre, dançante e extremamente convidativa. Com clima de verão e dando ao ouvinte a possibilidade de sentir a brisa do mar umedecendo a pele morena, a canção tem, no âmbito percussivo, os verdadeiros elementos protagonistas de seu enredo. Afinal, Mairê é uma canção em que, mais do que exaltar a história, o legado e a influência africana desde suas culturas aos seus costumes, é onde o cantor, unido de backing vocals consistentes em sua harmonia, não apenas reverencia, mas agradece à África por toda a sua influência no povo brasileiro, em especial, na Bahia. Não é à toa que Mairê tem clima de festa, de alegria e de um êxtase sorridente contagiantemente incontrolável.

Ubalafon é um álbum, no mínimo, emocionante. Equilibrado em texturas, ousado em harmonias e completo em melodia, o material explora sonora e liricamente, a fusão da África e Brasil. Em clima de festa, gratidão e reverência, o material exalta as diversas capitais africanas, pincela vocabulários típicos em meio a rimas pobres e presenteia o ouvinte com uma saliente combinação de samba, olodum, ijexá e afrobeat. 

Tendo Mairê como principal faixa do trabalho, Ubalafon, através de suas sete faixas, propõe ao ouvinte uma nova perspectiva para a história, para o legado que a África exerce sobre o Brasil. Com essa receita sensitiva, o álbum, simplesmente, tem a intenção de disseminar a paz e o amor por meio do respeito e da igualdade através do senso de coletividade e, principalmente, pertencimento.

Mais informações:

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/55PW8nyAzFgmD9L8ywL0ft

Instagram: https://www.instagram.com/gilfelixofficial/

YouTube: https://www.youtube.com/c/GilFelixOfficial

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