É apenas o violão que puxa a introdução. No entanto, sua presença parece ser suficiente para criar, sozinha, toda uma atmosfera sensorial. Macia, melodiosa, convidativa, fresca e até mesmo harmônica, a sonoridade que o instrumento cria nos primeiros instantes da obra acabam fazendo com que o espectador, aos poucos, vá se sentindo à vontade e leve perante a experiência ofertada.
É interessante perceber, também, que, em meio a essa sonoridade, existe delicadeza e um perfume bastante aromático que chega a encantar a audiência, mesmo antes de esta ser apresentada ao vocalista. Quando isso finalmente acontece, uma nova textura acaba fazendo parte daquele senso de torpor adorável.
Por meio de Don Pasquale, portanto, além da crueza, um toque bastante orgânico através de seu timbre grave-nasal é misturado na receita sonoro-sensorial da faixa. Com todos os seus ingredientes enfim apresentados, Canta La Gioia amadurece como uma balada acústica calcada na simetria única entre voz e violão, a qual serve como uma perfeita difusora de um enredo verbal de caráter graciosamente motivacional.
Explorando, principalmente, a resiliência no ouvinte, Pasquale se divide entre versos eufóricos e outros de natureza mais intimista como forma de representar, conscientemente ou não, os altos e baixos vivenciados pelo ser humano. Não é à toa que, quanto mais se desenvolve, mais Canta La Gioia faz com que o ouvinte possa enxergar uma luz de esperança pela possibilidade de recomeço e perseverança.
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