Existe uma densidade pairando no ar. Um peso que traz consigo não apenas despertyares de preocupação, mas de tensão, de dor. De tristeza. Ainda que seja possível sentir um certo toque de frescor, esse detalhe não é o suficiente para amenizar as profundezas emocionais que ora sufocam e ora aliviam. O interessante é perceber que essa paisagem sensorial é fornecida por uma melodia completamente minimalista dominada, somente, pelo violão. Por meio dele, Midnight Caller On The Moon se torna uma canção não apenas uivante, mas também entorpecida e profunda em seu caráter introspectivo. E a forma como o vocalista imprime sua voz aguda e de toques levemente ácidos apenas cooperam com esse senso de interioração.
O violão segue como elemento sonoro protagonista ao desenhar as primeiras linhas sonoras da nova paisagem. Ainda assim, o que ele oferta aqui é uma delicadeza mais suave, sem visceralidade ou qualquer menção de sofrimento. Curiosamente, porém, ele assume uma postura saudosa e nostálgica como se carregado por uma profunda e sincera noção de gratidão. Esteticamente ondulante, Obituary Page consegue ser hipnótica até mesmo por meio da introversão assumida pela interpretação lírica do vocalista, a tornando tocante e agradavelmente aveludada.
É verdade que Wake Me In The Sunrise é um álbum composto por uma tracklist de nove composições, porém, a forma como foi concebido, a sua profundidade e a sensibilidade fazem com que o ouvinte identifique sua essência logo em suas primeiras duas canções. Marcado pelo minimalismo estético em sua forma mais léxica possível, o álbum se destaca pela delicadeza e pelo seu clima densamente introspectivo que desperta a nostalgia, mas também a melancolia e a gratidão em um terreno de textura curiosamente fofa.
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