Sua introdução não tem nada de padrão. Não existe instrumental gradativo ou mesmo linhas líricas crescentes. O que acontece aqui é um amanhecer regido por uma estrutura rítmico-melódica madura calcada em uma paisagem rap contagiante. Preenchida por um beat hipnótico, a canção acaba explorando, inclusive, um caráter entorpecente que marca toda a sua paisagem sensorial.
De sonoridade linear, mas curiosamente capaz de difundir uma energia melancólica, a canção se vale por uma autêntica delicadeza sonora fundida a um consistente cenário percussivo. Capaz de ser, ainda, uma obra que experiencia um despropositado toque de sensualidade, a faixa chama a atenção por ser composta a três mãos.
Na companhia de Goosh Dan e Itamar Levy, BALDA fornece torpor, maciez e até mesmo um toque de introspecção em Walk & Talk. Por meio da combinação de sobreposições vocais, uma melodia linear e um escopo percussivo de caráter alucinógeno, o rapper acaba dando à canção uma excentricidade estética ímpar capaz de fazê-la ressoar no inconsciente de qualquer ouvinte dos quatro cantos do planeta.
Além da presença de uma suave sensualidade, Walk & Talk se torna pegajosa principalmente pela interpretação vocal assumida. Por meio dela, o ouvinte acaba entrando em uma espécie de mantra que o permite acessar seu próprio mundo inconsciente e nele permanecer até o último suspiro lírico-melódico da composição.
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