Temos aqui um grande trabalho de estreia que como tantos outros, foi surgido dentro dos meandros de bloqueio e isolamento social proporcionados pelo anúncio da pandemia. Muitos artistas se utilizaram desse tempo de ócio para poder externar em formato acústico, toda a ansiedade e tensão proporcionada por aquele impacto, que felizmente estamos conseguindo vencer passo a passo. O Widespread Haze, americanos radicados em Roseburg, desprendem um debut de grandes proporções, o grande álbum denominado “Move”, um excepcional conjunto de quinze canções!
Os trabalhos abrem com uma guitarra intimista e swingada e que logo é arrebatada pelo vocal carregado de feeling bluezy, trazendo um belíssimo refrão que bebe diretamente na fonte da psicodelia sessentista e resulta em uma canção poderosa, que nasce com status indubitável de hit. Está é a incrível ” Waffles”, que ainda destila um solo azeitado de guitarra, simplesmente arrebatador! “New Shoes” vai mais fundo nas raízes do rhythm and blues embebecido naquela sonoridade “bourbon de bar a beira de estrada”, um trabalho carregado de ares sedutores.
“One of These Daze” mergulha em grande sofreguidão emocional, remetendo a grandes momentos da saudosa lenda Gary Moore. Aqui o blues mergulha profundamente em sua essência primal e se torna premissa inevitável ficarmos inebriados com a viagem proposta. E que solo FENOMENAL de Matthew Campbell! “This & That” traz uma latinidade lisérgica que nos abduz sensorialmente em caráter automático, não “sacudir o esqueleto” neste grande petardo é tarefa impossível! E que falsetes vocais incríveis!
“Breakup Song” tem uma vibe envolvente e carregada de grande resplandecência pop, apesar de manter a vibração conceitual da faixa anterior. Carlos Santana fatalmente a teria em seu repertório! “Cloudwalkin'” tem uma vocalização tão incisiva na velocidade poética que remete ao rap, o que dentro da suavidade do arranjo, se mostra uma simbiose altamente interessante para o ouvinte. “Prove You Wrong” arrebata com guitarras funkeadas e muito groove repleto de efeitos (o wah-wah “possuído”)! Música que assume proporções de hino, tamanho o poderio de excelência desprendido. Maravilha! “Doubt About It” toma proporções mais jazzísticas e mais uma vez denota a capacidade ímpar de diversificação musical do grupo, mas com absoluta coesão.
A faixa-título por exemplo, tem um riff que poderíamos vislumbrar pitadas de ska, em profundo diálogo com o grande duelo de vocais promulgado gradativamente durante o processo. Simplicidade aparente que beira a genialidade! “Too Hard to Love” mergulha em instâncias melodicamente garageras, grudentas e afiadas, que deixariam Elvis Costello & The Attractions em seus áureos tempos com um belo sorriso no rosto. Um dos destaques de “Move”! A balada blues “(K)no(W)” contempla ares singelos e mergulhados no formato canção clássica, mergulhando o ouvinte em uma emotiva prerrogativa que exala sensibilidade a flor da pele. Linda música! “Trash King” traz uma aura rockabilly absurdamente matadora e novamente temos um furtivo e memorável momento dançante no álbum.
“Take Me” bebe em caráter sublime nas raízes mais profundas da música americana, encruando cadência blues com atmosfera jazz (belíssimo saxofone) e feeling desprendido nas alturas! ESPETACULAR! A encore com a vibrante “Miss Laudanum” e a acústica “Go To Bed”, apenas reforçam que esse debut é um dos grandes lançamentos desse ano de 2022. Mergulhem em todo o processo de “Move”, e guardem bem o nome Widespread Haze, uma potência sonora indescritível em seu patamar! Disponibilizado abaixo:
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