William Sanford lança o enigmático “Deep Mollusca”

O norte-americano William Sanford é um DJ/produtor experiente, mas acima de tudo eclético. Isso não o faz imediatamente talentoso, afinal de contas, quem absorve muitas influências tem mais trabalho ainda em criar algo característico e com sua identidade. É aí que é posto a prova esse talento, que o artista de Crown Point apresenta.

Neste seu novo álbum, intitulado “Deep Mollusca”, Sanford consegue simplesmente incluir tudo o que ele agregou durante sua carreira em um álbum instrumental de eletrônico. Não bastasse isso, William entrega um conceito por trás do disco, mesmo o trabalho não contando com letras e vocais (cantados).

O resultado é melhor do que se imagina, mas não podemos esconder que não exige atenção. Isso porque “Deep Mollusca”, além de versátil, é um trabalho cheio de nuances e detalhes, onde se observa cada passo. E são quinze composições em pouco mais de quarenta minutos. É uma exigência que vale à pena e fica cada vez mais prazerosa a cada audição.

No disco, o ouvinte irá encontrar elementos mais antigos e outros mais atuais, alguns atemporais. Tem Downtempo, IDM, Ambient, Soundtrack, New Age, Video Games (Chiptune), Art Rock e Prog, além da variação rítmica, que ajuda a encaixar a sonoridade do trabalho em mais nichos.

O tema de “Deep Mollusco”, resumidamente, é baseado em uma viagem espacial, mas no fundo do mar. Isso mesmo. O conceito nos dá essa impressão, além de inserir certo teor psicodélico e tendo como protagonistas polvos que estão em uma consciência um tanto quanto lisérgica. Enfim, uma verdadeira viagem temática também.

O repertório é equilibrado, mostrando algumas canções que mesclam os elementos e outras que pendem especificamente para alguns estilos. A primeira faixa que chama atenção é “Manna from Above and/or Marine Show”, que parece nos convidar a desbravar todo esse conceito. Quase que um interlúdio, a faixa traz sintetizadores viajantes e psicodélicos que entorpecem o ouvinte.

Com uma batida e melodias, diríamos, mais comuns, “Muusoctopu’s Gardens” é outra que chama atenção, com sua veia levemente chiptune (música típica de videogames). “A Sea Butterfly Amongst The Holoplankton” é a primeira que traz linhas vocais como arranjos, o que acontece esporadicamente no disco, é outra que chama atenção com sua veia new age.

Outros destaques são “The Blood Red Waters Of The Photic Zone” e a atmosférica “Despite Gumboot’s Armor”, que segue uma veia mais atual e fecha o disco magistralmente. Mas, o conjunto da obra é que é o mais acima da média de todos!

 

‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’

 

 

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