É sempre prazeroso para os amantes da música em geral, sejam críticos ou apenas ouvinte, trilhar novos mares, principalmente se eles forem desafiadores. Leia-se inovadores, inquietos e que trazem uma sonoridade diferenciada, experimental, mas sem invencionices.
Melhor ainda é quando o trabalho se sai tão bem, que soa homogêneo, mesmo trazendo composições distintas. E mais surpreendente, quando os caminhos explorados são longos, mas não passam nem perto de serem cansativos, tamanha a habilidade de entreter o ouvinte.
Isso tudo e um pouco mais é encontrado no primeiro EP do Xafran, este “Find A Way”. O projeto é encabeçado pelo produtor musical Aaron Zafran, que teve exatamente a intenção de oferecer uma sonoridade diferenciada, abrangente, que ‘sai da casinha’, mas não soe indigesta.
O objetivo é atingido, desde que entendemos a premissa que estamos diante de um trabalho fora do usual, mas com melodias de fácil compreensão e elementos que fazem com que seu tracklist soe bem ambientado, podendo atingir diversos públicos, desde os amantes da música eletrônica, industrial e do pop, até os menos radicais do rock.
A primeira composição, “Find A Way” soa como um belo cartão de visitas pois consegue resumir bem o disco do qual ela dá o título. Afinal, todos os elementos que compõem o EP são levemente destilados na música, que nos leva para uma viagem em meio a sintetizadores, batidas world music e um clima atmosférico de fundo. Em sua maior parte instrumental, a faixa título traz vocalizações atípicas, focadas já em linhas de refrão, com efeitos que a deixam futurista.
Mantendo a atmosfera de fundo, “Feeling Cold About” já nos leva a uma viagem new wave mesclada com electro-gothic, com uma melodia mais sombria e uma batida levemente suave. Os amantes do synth-pop, outro estilo do qual o Xafran flerta bastante, irão se identificar com a composição.
A terceira faixa, “Running Out of Daylight” volta ao lado intrínseco eletrônico, com foco em sintetizadores experimentais, soando mais específica. Mesmo assim, mantém a veia pop, mas soa mais indigesta e é a que tem a melodia e vocalizações mais diferenciadas entre as quatro do tracklist. Agradará fãs mais identificados com a música eletrônica.
Por outro lado, “Retro Eyes”, que fecha o trabalho magistralmente, traz a veia synth-pop / new age à tona, sendo a mais ‘orgânica’ do disco, guardadas as devidas proporções. Com vocais extremamente pop, o que a dá uma roupagem mais atual (apesar da abordagem), definitivamente estamos diante de uma canção que poderia servir de trilha sonora para algum ‘blockbuster’ dos anos 80.
O que poderia parecer uma longa jornada, termina em quatro composições muito acima da média, distribuídas em pouco mais de 20 minutos. “Find A Way”, é aquele tipo de trabalho que deixa o ouvinte atônito após a primeira audição, e ainda com um gosto de quero mais.
A cereja do bolo é trilhar por temas encorajadores e inspiradores, como transformações pessoais, auto expressão, apreciação de momentos, amor e relação entre pessoas. Nada mais propício para um trabalho tão abrangente, versátil e encantador como este EP de estreia.
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